Friday, July 9, 2010

Pão e circo

Impressionado - negativamente - pelo modo que policia, mídia e sociedade lidam com casos como os Nardoni, Mércia e agora o Bruno. Quão piores terão que ser os crimes no futuro para superar os anteriores? Estamos tão anestesiados que um crime destes vira uma novela, um big brother onde durante 15 minutos só se fala disso, e depois todos vão tocar suas vidas, esperando o próximo assunto do momento.

Tem algo muito errado em uma sociedade que transforma um crime neste circo que estamos vendo. A imprensa parece ter uma linha direta com a policia, e há uma catarse coletiva a cada detalhe mórbido que é divulgado.

O caráter de todos os envolvidos, o desejo de vingança da população, a exposição do caso pela policia e pela imprensa, nestas horas, fico feliz em estar distante disso. Foi um dos motivos que nos levaram a sair do país: os valores morais da sociedade brasileira estão todos errados. É uma pena, e infelizmente poucas pessoas percebem isso. Claro que no Canadá também tem crime, corrupção, mas não é um assunto tratado com esta leviandade, e nem domina nosso cotidiano.

Saturday, November 28, 2009

Reconectando

Caramba, quase um ano sem postar nada. Muita coisa aconteceu neste período, e estamos prestes a começar uma nova empreitada aqui em Vancouver... em breve coloco mais detalhes. O verão foi ótimo, o outono também (choveu muito pouco e fez pouco frio), agora o inverno começa, e as estações de esqui abriram mais cedo, por conta da quantidade de neve :)

Wednesday, September 24, 2008

Amigos

Meu melhor amigo brasileiro aqui no Canadá recebeu a visita dos pais, e um dos últimos conselhos antes de voltarem foi: "Tome cuidado com os brasileiros que moram fora do país". Curioso como é a visão em relação ao nosso próprio povo...

Infelizmente, em muitos casos não posso discordar completamente dela. O fato de ser brasileiro em muitos casos não é o bastante para as pessoas se darem bem. Sim, todos somos imigrantes, mas de lugares, formação e opiniões diferentes.

Já comentei como em uma comunidade pequena as qualidades e os defeitos se intensificam. Muitos têm a necessidade de afirmar o tempo todo "como se deram bem" no Canadá, e como estão melhor adaptados que seus conterrâneos. Outros só falam com brasileiros que estão no Canadá há mais de "x" anos, pois consideram os "novatos" fogo de palha, não foram "pioneiros" como eles foram. A imigração mexe muito com o lado psicológico, e o sentimento de solidão, desajuste à nova sociedade, insatisfações e necessidade de afirmação são facilmente observados em algumas pessoas, principalmente naquelas em que o perfil psicológico não é favorável à mudanças e à imigração.

Principalmente no início, é muito mais fácil e cômodo se relacionar com brasileiros. Mas esteja aberto, e se esforce para fazer amigos de qualquer origem. Além de enriquecer seu convívio e sua cultura, em muitos casos você vai fazer amigos mais sinceros e dispostos a ajudar do que os próprios brasileiros. Tivemos a sorte de conhecer um casal brasileiro que têm tudo a ver conosco, e hoje faz parte da nossa família canadense, além de pelo menos duas famílias brasileiras a quem podemos chamar realmente de amigos. Mas muitos mal-entendidos, fofocas, antipatias até, passaram (e passam) por nós, dentro da "colônia" brasileira. São todos "do mal"? Não, absolutamente. Mas as pessoas são diferentes, e cada um reage de forma diferente à imigração, às dificuldades e às conquistas. Não se sinta obrigado a se dar bem com todos. A cultura brasileira é mais aberta, e amistosa? Sim, mas também é mais "falsa", onde você cumprimenta alguém em uma festa, conversa, e quando a pessoa vira as costas, as duas partes saem criticando a outra. Neste ponto, estamos aprendendo um pouco com os canadenses. Sim, são diferentes nas relações sociais (às vezes é visto como frieza), mas são mais sinceros também.

Meus pais imigraram da China para o Brasil há mais de 50 anos, e sempre achei curioso como eles e os amigos chineses se relacionavam. Hoje, entendo perfeitamente.

Saturday, August 30, 2008

De volta do Brasil

Acabamos de voltar de São Paulo. Minha esposa e filhas ficaram um mês, e eu só consegui ficar uma semana, pois tive uma reunião com clientes no México e tive que reduzir minhas férias.

É bem estranho voltar e não ter mais casa, carro e se sentir um hóspede. Foi bom encontrar a família e amigos, e matar a saudade de churrasco, coxinha, jaboticada e figo, rsrsrs... mas tenho que admitir que foi bom chegar na imigração canadense e ouvir "welcome back home". São Paulo tem muita coisa boa sim, mas o custo de vida (proporcionalmente à renda) e os problemas (crime, trânsito, infraestrutura) tiram o prazer de se viver lá. Depois de um ano em Vancouver, a gente vê claramente como em SP a renda é mal distribuída, e como o stress toma conta da gente no trânsito e nas relações pessoais e profissionais, e como a corrupção e o desrespeito dos políticos com a sociedade afetam o futuro do Brasil e dos brasileiros.

Minha maior preocupação era minhas filhas, por terem passado um mês com os avós, imaginava que elas não iriam querer voltar. Que nada. Claro que ficaram tristes, mas em nenhum momento hesitaram em voltar. Pelo contrário, senti que estavam mesmo com saudades da nossa casa, do quarto delas e da nossa vida em Vancouver. Assim que subiram no avião, voltaram a conversar em inglês... Com a vinda para o Canadá, nossa família ficou muito mais unida. Só isso já valeu o esforço de ter imigrado.

É bom estar de volta. Sim, sentimos saudade da família e dos amigos no Brasil, mas também dos novos amigos que fizemos no Canadá e da nossa vida aqui. Acho que estamos começando nosso processo de imigração... :)

Monday, August 11, 2008

Pensamento III

"It's not about the destination - it's about the experiences along the way"

Ouvi esta em um comercial de amaciante de roupas, rsrsrs... mas reflete bem minha opinião sobre a vida.
Save as Draft

Sunday, August 10, 2008

1 Ano!

Faz tempo que não escrevo, e achei que este era um bom motivo para atualizar o blog.

Chegamos aqui há mais de um ano, e tudo passou muito rápido. Hoje minha esposa e filhas estão no Brasil, visitando a família. Eu vou em duas semanas, para acompanhar a cirurgia do meu pai. Nada sério, mas sempre é uma cirurgia.

A gente se acostumou com a realidade do Canadá bem rápido, e falando com minha esposa, dá pra perceber como nossa vida mudou. Vivemos infinitamente menos estressados, temos mais lazer. Trabalho relativamente menos tempo que no Brasil (mas também tenho que ser mais eficiente), e a sensação que temos é que não estamos sacrificando o presente em função de um futuro incerto. Sim, temos planos, e estamos trabalhando para que ele se torne realidade. Mas não deixamos de aproveitar o presente, a infância de nossas filhas, momentos que não voltam mais.

Minha esposa tem comentado como as coisas no Brasil estão caras, como o trânsito, as pessoas, a poluição e a violência afetam a forma como vivemos. Ela fica triste por não ter vontade de voltar mais ao Brasil, e pelo fato da família ainda sofrer com tudo isso. Claro que sentimos falta de muita coisa, dos amigos, da familiaridade que temos na cidade onde nascemos e crescemos. Mas principalmente depois das meninas, olhamos mais para o futuro do que para o passado.

O Canadá é perfeito? Claro que não. Tem crime, tem drogas, tem preconceito, tem intolerância. Como em qualquer lugar no mundo. Mas em um nível infinitamente menor, e a sociedade não vive em função destes problemas. A qualidade de vida ainda é algo real, que muita gente vive diariamente.

Já estamos adaptados? Eu acho que a gente mal começou. Um ano é muito pouco. Mas para quem imigra, é uma conquista. O primeiro ano é de adaptação, de descobertas, a gente aprende a viver e pensar diferente. Ainda me pego cruzando a ponte de downtown a caminho de casa, olhando para o mar e para as montanhas, e agradecendo a oportunidade de estar aqui.

Não podemos reclamar do "nosso" Canadá. Cada história de imigração é diferente, e cada pessoa responde de forma diferente à mudança. Ainda temos um longo caminho até nos sentirmos adaptados, com o círculo pessoal e profissional refeito, e à vontade com os costumes, com a língua.

Imigrar é competir com você mesmo, todos os dias. Conseguimos passar o primeiro obstáculo desta corrida que não tem final, e é recompensador. Que venha o próximo ano!